12 de mar. de 2016

Um choque entre titãs na luta livre vodu do Senegal

Pensa nuns homens fortes! Na costa atlântica da África, na cidade de Dacar, Senegal, acontece a disputa de um tipo de arte marcial, a Laamb, que conjuga a força e a habilidade física dos lutadores com um sentido ritual. 

Observar o ensaio fotográfico publicado no jornal britânico Guardian faz-nos perguntar o que sentiríamos se no Brasil um lutador se banhasse com leite, comesse galinha preta, tomasse a poção feita por um marabu -homem santo local- e fizesse uma oferenda a uma deidade do panteão vodu, antes de entrar na arena.

A verdade é que em alguns países da África a luta livre é mais uma das fronteiras entre o mundo dos mortais e o do divino, mas o mortal que consiga inclinar a balança a seu favor pode ganhar entre 10 mil e 300 mil dólares... por combate.

Por este motivo, a Laamb é mais popular que o futebol no Senegal, a multidão destes eventos é comparável a torcida de um jogo Flamengo versus Corinthians, e os apostadores estão à ordem do dia.




Estes lutadores resgatam algo sobre as artes marciais e o combate de arena que os gregos tinham muito claro: os cantos que os poetas compunham em honra dos vencedores nas olimpíadas comparavam os lutadores com Hércules em força e com leões em ferocidade.

Existe algo muito primordial no fato de que o combate no Senegal siga tendo um vinculo tão imediato com a religião, pois nos permite tomar uma perspectiva com respeito ao combate como espetáculo onde os lutadores se relacionam de outra forma com as mitologias locais e com o consumo.




Mas seria antepaixão vermos estes lutadores da Laamb apenas como uma curiosidade exótica a mais -o "ocidente" não é muito menos violento "esportivizando" a guerra-: este é o esporte nacional (e não só do Senegal, também do Congo) e um bom lutador ganha algo mais do que um piscadela das divindades quando vence.

A carreira do lutador não é longa, mas o vencedor será respeitado para sempre, e inclusive pode aspirar a abrir uma academia e ensinar outros lutadores. E isso pode fazer a diferença para muitos jovens em um país com oportunidades limitadas pela geografia e a tensão política.




Fonte




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